Sustentabilidade e lucro

Por: IBRAFE,

18 de agosto de 2023

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O manejo sustentável, com controle dos fluxos de gases de efeito estufa (GEE) nos ecossistemas terrestres e baixa emissão de carbono, podem contribuir não só para a segurança alimentar, mas também combater as mudanças climáticas e gerar renda para produtores que estiverem dispostos a aderir a esse sistema. 
As atividades agrícolas são ações humanas estreitamente relacionadas com a utilização dos recursos naturais. Ao longo dos anos muitos pesquisadores, em várias partes do mundo, têm se dedicado aos estudos de viabilidade para que a agricultura possa ser mais sustentável e lucrativa, criando uma relação de custo-benefício para os produtores. 
O Mercado de Crédito de Carbono é uma forma de garantir renda para uma comunidade que já preserva, além de incentivar cada vez mais produtores na busca pelas práticas menos agressivas ao ambiente. 

“É necessário que busquemos formas de facilitar a adaptação do processo produtivo agropecuário frente as oscilações climáticas, crescer a produção e reduzir a emissão de CO2 em resposta a agenda da mudança climática. Isso significa produzir 1 saca de Feijão com menos unidades de carbono emitidas. A boa notícia é que essa tecnologia já existe, basta colocá-la em prática”, afirmou a engenheira agrônoma, consultora do Instituto Brasileiro do Feijão Pulses e Colheitas Especiais (IBRAFE), Fernanda Chemim.

A exigência hoje é ampliar a eficiência de uso dos insumos e recursos ambientais, especialmente, água, solo e biodiversidade. É preciso adequar o processo de plantio adotando medidas como a reciclagem de resíduos, recomposição das reservas hídricas, melhoria da atmosfera (GEE) entre outros.

 
Plano ABC+


O projeto é uma continuação do Plano ABC, lançado em 2009, garantindo suas ações até 2030. O plano preconiza uma agricultura de baixa emissão de Carbono (ABC+) promovendo a adoção de boas práticas agronômicas mitigadoras da emissão de GEE junto aos agricultores e pecuaristas, levando em conta os diversos elementos da paisagem rural. São incentivadores da adoção de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis (SPSABC), enfatizando eficiência agropecuária com estímulo à regularização ambiental, conservação do solo e da água e proteção à biodiversidade.
As tecnologias recomendadas pelo ABC+ são positivas para o produtor por diversos motivos: aproveitam melhor a área de produção da propriedade intensificando seu uso de forma sustentável; criam alternativas de renda para o negócio; têm suporte das instituições de pesquisa e de assistência técnica e extensão rural; melhoram as condições para aumentar a infiltração da água no solo, e disponibilizam linhas de crédito/financiamento - apoio do crédito rural, via Programa ABC.


Créditos de Carbono
Crédito de Carbono é uma atribuição monetária, ou seja, algo pago, para redução de dióxido de Carbono para a atmosfera. No entanto, inclui todos os GEEs (Gases de Efeito Estufa) e existem dois tipos de créditos: redução, quando se adota medidas no seu processo produtivo que diminuem a emissão de gases poluentes na atmosfera, ou compensação, quando há uma empresa que emite muito e outra que conseguiu reduzir suas emissões carbônicas, elas podem se equilibrar num comércio para que uma empresa compense a outra. 

Até o final de 2021, mais de 21% das emissões mundiais foram cobertas por alguma forma de precificação de carbono, acima dos 15% em 2020. Os investidores também estão se interessando: as negociações nesses mercados cresceram 164% no ano passado, para € 760 bilhões (US$ 897 bilhões). “O Brasil tem a oportunidade de ser um dos maiores fixadores de CO2 do mundo, dentro do mercado de crédito de carbono”, lembrou a engenheira agrônoma.


Vantagens
Os produtores que optarem por aderir ao sistema sustentável podem colher benefícios que vão além da venda de Créditos de Carbono. Mas na venda do próprio produto. Como exemplo, em 2021, o Brasil realizou seu primeiro embarque de café carbono neutro, com prêmio equivalente a R$ 100,00 por saca de 60kg, valor o dobro do diferencial pago por produtos de qualidade e que tem certificados ambientais e sociais. 

Além disso, o acesso ao crédito também é facilitado. O Plano Safra contempla as tecnologias do plano ABC desde 2010, no Plano Safra de 21/22 foram destinados em torno de R$ 5,05 bilhões para utilização nessas tecnologias. 
 
Outra vantagem é o estímulo de alguns estados, com a redução de impostos e benefícios fiscais. O estado do Mato Grosso tem isentado ou diminuído a taxa do ICMS para quem adota tecnologias mais adequadas de produção. 

Papel do Feijão
O Feijão tem vantagem quando inserido no escopo produtivo por ser uma leguminosa, portanto, que permite a fixação biológica do nitrogênio, se feita a inoculação, substituindo o uso de fertilizantes nitrogenados, considerado os maiores emissores de CO2 dentro de uma produção. Também por ser considerado um potencial para a recuperação do solo de áreas degradadas, utilizar menos água na produção quando comparado a soja, além de ser passível de cultivo no sistema plantio direto, se encaixar facilmente na rotação de culturas e no sistema ILPF, facilitando assim, a adoção das tecnologias de baixa emissão de CO2 do plano ABC+. 
De acordo com a estimativa do potencial de mitigação de tecnologias do Plano ABC de 2012 a 2023, do Observatório ABC, o processo de produção do Feijão produz muito menos emissões de CO2eq. do que culturas como arroz, milho e cana.
“O Feijão-guandu é uma opção interessante quando pensado também para a alimentação animal, pois serve tanto para consumo humano quando animal, e uma vez que, o correto balanceamento de alimentos na dieta bovina com leguminosas que contenham mais proteína melhora a eficiência da digestão e minimiza as emissões de metano por meio de uma maior eficiência ruminal. O guandu é uma planta rústica, tolerante a secas e solos com baixa fertilidade, sendo interessante para regiões que apresentam déficit hídrico em algum período do ano e servem como adubo verde”, lembrou Fernanda. 

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