O mercado do Feijão ontem praticamente parou. Nenhum negócio relevante foi reportado. Havia compradores, mas não havia produto que atendesse ao padrão exigido — especialmente Feijão do Noroeste de Minas com peneira acima de 90/12, cor 9 para melhor e umidade mínima de 13%.
A pergunta que circulou entre os produtores foi direta: “Acabaram os compradores de Feijão?”. Como é possível uma parada, um sumiço deste tamanho nos compradores?
Temos estudado este fenômeno, e a conclusão é que a explicação é bem conhecida de quem acompanha o mercado de alimentos básicos: estamos no intervalo natural entre ondas de compra.
Essas “ondas” seguem sempre o mesmo roteiro. Quando há expectativa de alta nos preços, seja por menor produção, clima adverso ou inflação, tanto o consumidor quanto o varejo correm para se antecipar. Supermercados reforçam estoques e consumidores compram mais do que precisam, com medo de pagar mais caro depois. O resultado é um pico repentino de vendas.
Só que, passado o susto, vem o esvaziamento. Casas e armazéns cheios reduzem a demanda por semanas — às vezes, por meses. O varejo, que acabou de se estocar, segura novas compras. É quando surge essa sensação de “mercado travado”, como a de ontem.
Esse ciclo é clássico em produtos essenciais e sensíveis a preço, como o Feijão e o Arroz. Ele se autolimita: o pico é seguido por um vale. Depois, o consumo que não para leva todos a voltarem para o mercado ou ainda outro fator externo — como clima, safra menor ou nova especulação — reativa a próxima onda.
O que o produtor precisa entender é que o “sumiço” momentâneo dos compradores não é um sinal de queda, mas apenas uma pausa fisiológica do mercado. Quem tem produto de qualidade e fôlego financeiro costuma se dar melhor nesses momentos — porque o próximo movimento de alta sempre chega, e quem resistiu é quem colhe o melhor preço. Fica a dica: vender quando tem comprador.
Cruzei os dados de preços com o Google Trends e algo curioso também apareceu. Quando os preços subiram, a busca pelas palavras Preço de Feijão também aumentou de 10 de setembro até agora. Isso corrobora com o fato de que pessoas que não são do mercado foram buscar informações sobre os preços, muito provável que consumidores que ouviram falar do assunto acabem por contagiar os demais, contribuindo para que a onda aconteça.