Desafios e estratégias do setor de leguminosas no México em 2025

Por: IBRAFE,

6 de dezembro de 2024

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O mercado de grão-de-bico e Feijão no México vive um momento de transformações impulsionado por desafios climáticos, logísticos e econômicos. Enquanto os produtores buscam alternativas para enfrentar dificuldades na colheita e no transporte, as exportações se destacam como um posto-chave para o setor agrícola mexicano.


Crescimento cauteloso e expansão de destinos
Nos últimos dois anos, a Terminel, um dos principais exportadores mexicanos de grão-de-bico, tem adotado uma abordagem mais cuidadosa em relação ao crescimento. Em 2023, a empresa exportou 14 mil toneladas de grão-de-bico, consolidando operações em novos mercados como Marrocos e Guiana. Segundo Sahid Hernández, gerente comercial da Agroservicios Terminel, as dificuldades logísticas marcaram o ano, mas as exportações mantiveram um ritmo estável, especialmente no segundo semestre.
A empresa também avalia a instalação de uma nova linha de produção para aumentar a capacidade exportadora de grão-de-bico, embora essa seja uma meta de médio prazo que exige planejamento detalhado.


Feijão-preto: uma nova fronteira no comércio
O Feijão-preto entrou no radar da Terminel em 2023 como uma alternativa à seca que impactou a produção de milho, uma das principais culturas do México. Importado da Argentina e dos Estados Unidos, o Feijão-preto preencheu parte da lacuna deixada pela redução das plantações de milho. Apesar da necessidade de diversificação, Sahid destaca que a continuidade das importações dependerá das condições de mercado no próximo ano.
Ainda assim, a demanda interna por Feijão-preto e milho deverá pressionar o México a buscar mais importações em 2025.


Grão-de-bico: um ano de adaptação
No ano passado, a colheita de grão-de-bico em Sinaloa ficou abaixo das expectativas, com uma produção entre 130 mil e 140 mil toneladas. Apesar disso, as exportações para destinos como Turquia e Argélia mantiveram o fluxo comercial. Os preços começaram em torno de US$ 1.500 a 1.550 por tonelada, mas houve variações significativas ao longo do ano, com algumas negociações atingindo US$ 1.800 por tonelada.
Para 2025, a previsão é de uma colheita semelhante, com o governo de Sinaloa projetando 60 mil hectares plantados. Entretanto, a alta dependência da disponibilidade de água faz com que a cultura do grão-de-bico enfrente desafios para se expandir.


Taxa de câmbio e impacto nas importações
A alta do dólar em relação ao peso mexicano, atualmente em torno de 20 pesos/USD, é outro fator que influencia o mercado. Sahid ressalta que, com uma taxa de câmbio mais alta, as importações se tornam menos viáveis, enquanto as exportações ganham maior competitividade.
Essa diferença de câmbio, que chegou a ser de 18 pesos/USD no ano anterior, representa um impacto significativo nos custos e margens das empresas mexicanas que dependem de produtos estrangeiros.


Renegociação do USMCA: um fator de incerteza
Outro ponto de atenção para o setor agrícola mexicano é o futuro das relações comerciais com os Estados Unidos sob o novo governo americano. O tratado USMCA, que regula o comércio entre México, Estados Unidos e Canadá, deve passar por renegociações.
Sahid destaca que, embora mudanças sejam inevitáveis, o México tem interesse em manter os termos atuais, que favorecem o comércio agrícola. Entretanto, há temores sobre possíveis medidas protecionistas que poderiam incluir impostos de importação ou restrições ao acesso do México ao acordo.
“Os EUA compram produtos mexicanos porque isso os beneficia, e esse comércio é vantajoso para ambos os países”, argumenta Sahid.


Olhar para o futuro
À medida que 2025 se aproxima, o setor agrícola mexicano se prepara para enfrentar mais um ano de desafios, apostando na diversificação de mercados e na busca por soluções logísticas e econômicas. A combinação de estratégias internas e ajustes às condições externas será fundamental para garantir a estabilidade e o crescimento das exportações de leguminosas, enquanto o país navega em um cenário comercial global em constante mudança.

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