Feijão pode ser alternativa de exportação para cooperativas do Paraná

Por: Sistema Ocepar,

26 de abril de 2024

Responsive image

Dez cooperativas paranaenses participaram nesta quinta-feira (25/04) do 1º Fórum do Feijão, promovido pelo Sistema Ocepar e Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), em Curitiba. O evento teve por objetivo debater uma estratégia de produção, beneficiamento e comercialização do produto com vistas ao melhor aproveitamento das oportunidades no mercado interno e externo. O Paraná é o maior produtor nacional de feijão, sendo responsável por cerca de 24% da produção do país.  

 

Estratégia - “Não temos ainda uma boa estratégia de produção para o feijão a exemplo do que temos para carnes, soja e milho, por exemplo”, destacou o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken na abertura do evento. Segundo ele, as cooperativas podem se organizar, com o apoio da Ocepar, para produzir, comercializar e exportar de forma mais planejada.

 

Consumo - “O consumo per capita de feijão vem caindo no Brasil. Já foi 21 quilos por ano e hoje está em torno de 14 quilos”, disse o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. Além disso, segundo ele, “o tipo de feijão que produzimos não tem muito ambiente no mercado externo”. Para o secretário, um dos desafios é cultivar os tipos de feijão que o mundo quer consumir.

 

Pesquisa - A pesquisadora Vania Moda Cirino, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), que ao longo de quase 40 anos de dedicação à pesquisa agronômico atuou no desenvolvimento de 38 variedades de feijão, informou que nessas quatro décadas a produtividade da lavoura triplicou, passando de 600 para 1.800 quilos por hectare. “Apesar desse crescimento estamos ainda muito aquém do nosso potencial, podemos chegar a 5 mil quilos por hectare”, disse. “Com os números atuais, o Paraná já domina o mercado nacional do feijão, lavoura que dá mais lucro do que a soja em pequenas propriedades”, disse.

 

Potencial - “Precisamos do apoio das cooperativas para focar na estratégia da cadeia produtiva do feijão voltado à exportação”, declarou a pesquisadora. “Temos um grande potencial para exportar e precisamos agregar valor, investindo na rastreabilidade e sustentabilidade do produto. Temos que provar que nosso produto é rastreado, seguro e cultivado dentro de um sistema sustentável”, frisou Vania, acrescentando que a pesquisa tem investido em cultivares com características buscadas pelo mercado internacional. Além disso, o feijão entra como uma importante opção de cultivo em épocas do ano em que não se planta outras lavouras.      

 

70 países - De acordo com dados do Ibrafe, apresentados no evento pelo presidente do Instituto, Marcelo Luders, cerca de 70 países têm demanda de algum tipo de feijão. “A Índia e a China, que juntas somam 3 bilhões de pessoas, querem comprar feijão do Brasil”, informou Luders. “É a proteína mais barata, com menor demanda de exploração dos recursos naturais. Por que o Brasil não está aproveitando?”, questionou. Durante o evento, o Ibrafe apresentou o projeto Brazil Super Foods, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e convidou as cooperativas a participarem e integrarem a cadeia internacional de feijão, que visa promover o produto brasileiro no exterior.

 

Cooperativas - Segundo os representantes de cooperativas presentes ao evento, um dos grandes desafios de quem atua nesse mercado é a comercialização do produto, onde as cooperativas enfrentam a concorrência de atravessadores. “Há cinco anos temos trabalhado de forma mais estruturada com um plano que inclui regras, entre elas, a fidelização”, informou Nédio Tonus, diretor da Coopertradição, de Candói, sudoeste do Paraná, que já exporta feijão. Segundo ele, a partir do estabelecimento do plano, houve um aumento entre 30% e 40% na produção dos cooperados. “Estão se abrindo várias janelas de oportunidade, mas para aproveitá-las é preciso ter produto o ano inteiro”, declarou Tonus.

 

Qualidade - Nelson De Bortoli, presidente da Cooperativa Agrícola São Cristóvão (Camisc), de Mariópolis, também do sudoeste, destacou o benefício do cultivo na safrinha, “quando não se tem mais nada para plantar”. Para ele, um dos gargalos é a falta de estrutura para receber, armazenar e beneficiar a produção e disse que “o feijão tem que sair do campo com qualidade”.

 

Interesse - As dez cooperativas que participaram do evento (Capal, Camp, Coopertradição, Frísia, Bom Jesus, Cooperante, Coasul, Witmarsum, Camisc e Copagrícola) manifestaram interesse em investir na lavoura de feijão de forma mais estruturada. Alguns pontos levantados pelo grupo como necessários foram: aperfeiçoamento do seguro agrícola, foco na exportação, compras governamentais ou contratos de opção, pesquisa de novas cultivares de feijão e pulses (sementes secas de leguminosas utilizadas na alimentação – feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha entre ouros), ampliação da época de plantio, viabilizando uma terceira safra, campanha de aumento de consumo e a organização da cadeia produtiva. O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, informou, ao final do evento, que um grupo de trabalho deve ser estruturado para atuar nesses pontos e fomentar a cadeia produtiva do feijão no setor cooperativista paranaense.

Fonte: https://paranacooperativo.coop.br/ppc/index.php/sistema-ocepar/comunicacao/2024-04-26-12-06-40/ultimas-noticias/152301-evento-feijao-pode-ser-alternativa-de-exportacao-para-cooperativas-do-parana 

Mais
Notícias

IBRAFE se reúne com cooperativas do Paraná
02/05/2024

Foco da reunião foi a exportação de Feijão como alternativa para excedente de safra

ONU quer mais Feijões e Pulses no prato
02/05/2024

Proposta faz parte da nova era na luta contra as mudanças climáticas e contra a fome