A semeadura das Pulses de safra Kharif na Índia acelerou, com a área cultivada aumentando 11% em relação ao ano anterior, totalizando aproximadamente 10,6 milhões de hectares. No início de julho, a semeadura já havia alcançado 855 mil hectares, acima dos 623 mil hectares registrados no mesmo período do ano passado.
O avanço indica um início promissor para a temporada. No entanto, mesmo com esse crescimento, a dependência da Índia das Pulses importadas segue elevada, gerando preocupações quanto ao impacto sobre os agricultores locais.
No ano fiscal de 2024/25, as importações atingiram o maior nível dos últimos nove anos, somando 6,7 milhões de toneladas, impulsionadas principalmente pelas Ervilhas amarelas, que representaram 2,04 milhões de toneladas — o maior volume desde 2018.
Apesar da expansão do cultivo doméstico, o mercado interno continua sendo inundado por produtos estrangeiros devido a preços mais competitivos, o que prejudica a produção nacional.
Bimal Kothari, presidente da Associação de Pulses e Grãos da Índia (IPGA), avaliou que as tendências de plantio são amplamente positivas para culturas como o moong (Mungo Verde) e o urad (Mungo-preto indiano). "Comparado aos anos anteriores, acredito que tivemos um bom avanço no plantio até agora", afirmou.
No entanto, ele expressou preocupação em relação ao cultivo do toor (feijão-de-corda), especialmente nos estados de Karnataka e Madhya Pradesh, onde há indícios de que a área plantada com essa Pulse tenha recuado 25%, devido à substituição por outras culturas.
Essa mudança, segundo Kothari, está diretamente relacionada à pressão sobre os preços. "As importações mais baratas estão definitivamente prejudicando os agricultores, o que pode desmotivá-los a plantar essas culturas", explicou. Apesar de o governo ter prometido adquirir 100% da safra de Feijão-de-corda, Mungo Preto e Lentilha, Kothari alertou que "na prática, vimos como isso pode ser desafiador".
Pressão contínua das importações e cenário global
A pressão das importações deve continuar. Embora o ritmo tenha desacelerado nos últimos meses devido aos estoques remanescentes, Kothari ressaltou que os ciclos de colheita globais manterão o abastecimento constante. Novas safras de países como Rússia e Canadá devem chegar em breve, e os preços já estão mais baixos do que no ano anterior.
Ele também destacou que novas origens, como o Brasil, estão aumentando sua produção — as exportações brasileiras de urad (mungo preto) podem atingir 250 mil toneladas este ano. "Todos os países estão de olho na Índia e estão plantando mais Pulses. Naturalmente, querem vender seus produtos aqui", completou Kothari.
Apesar dos esforços do governo indiano para alcançar a autossuficiência na produção de Pulses, Kothari reforçou a necessidade de uma gestão de importação mais calibrada. "É fundamental impor tarifas de importação que evitem que o custo de desembarque fique abaixo do preço mínimo de suporte. Caso contrário, a política do MSP se torna ineficaz", concluiu.
Com informações de CNBC TV 18