Novas cultivares de Feijão-caupi lançadas para o estado do Pará

Por: Fernanda Chemim, Eng.ª Agrônoma, IBRAFE,

4 de maio de 2023

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O Feijão-caupi é uma cultura alimentar tradicional, principalmente das regiões Norte e Nordeste do país. O Pará, o maior estado produtor de Feijão-caupi do Norte, nos últimos anos tem sofrido redução na área plantada e consequentemente na sua produção, com a expansão da soja. E a demanda, por sua vez, vem sendo então suprida por Feijão-caupi ou Feijão-comum de outros estados.

Essa se torna uma grande oportunidade de plantar Feijão-caupi no estado do Pará na safrinha, após a cultura da soja, prática já utilizada em outros estados. Com isso, a demanda do Pará suprida pelo próprio estado poderá amenizar a evasão de capital paraense destinado à aquisição de Feijão de outros estados.

Visando essa expansão da cultura, novas cultivares melhoradas foram lançadas pela EMBRAPA, as quais tiveram seus ensaios de Valor de Cultivo (VCU) realizados em cinco municípios, somente no estado do Pará: Bragança, Tracuateua, Belém, Paragominas, São Domingos do Araguaia; e em solos Latossolos Amarelo e Latossolos Vermelho.

BRS Bené (RNC 45600): é uma cultivar de Feijão-caupi do tipo bico-de-ouro, de grãos grandes e tegumento marrom. Um dos principais atributos é sua arquitetura moderna que facilita tanto a colheita manual quando a mecanizada. As vagens e grãos grandes proporcionam elevado rendimento da operação em comparação com outras cultivares

 

 

É importante ressaltar que a diferença de coloração de alguns grãos não se trata de mistura de cultivares, mas uma reposta dos grãos imaturos após um tempo depois que secam.

 

Potencial de Produtividade: Seu potencial produtivo foi comparado ao das cultivares BRS Imponente e BRS Tumucumaque e, sendo testada em ambientes favoráveis e desfavoráveis, obteve a média variando de 843,8 kg/ha, em Paragominas, a 3.014,7kg/ha, em Tracuateua. Considerando apenas os ambientes favoráveis, a média foi de 2.460,55kg/ha; e nos ambientes desfavoráveis, a média foi de 1.205,09kg/ha. Sua média geral, 1.564kg/ha, superou a cultivar BRS Imponente em 29,5% e se nivelou a cultivar BRS Tumucumaque em 97,6%. Trata-se, portanto, de uma cultivar com bom potencial produtivo.

 

BRS Utinga (RNC 49941): é uma cultivar de Feijão-caupi do tipo tradicional, de grãos brancos e arquitetura moderna. Na colheita mecanizada com ceifamento e enleiramento ou com dessecamento da lavoura, o porte semiereto, os ramos laterais curtos e o baixo índice de acamamento facilitam e proporcionam alto rendimento às operações.

 

Potencial de Produtividade: As médias de produtividade variaram de 740,6kg/ha, em Paragominas, a 2.620,2kg/ha, em Tracuateua. Sendo a média nos ambientes favoráveis 2.362,7kg/ha e nos desfavoráveis 929,2kg/ha. Superou a cultivar BRS Imponente nos ambientes geral (1.332,3kg/ha) e favoráveis, onde apresentou uma produtividade bem próxima a BRS Tumucumaque neste último.

 

BRS Guirá (RNC 45643): primeira cultivar de Feijão-caupi de tegumento preto-liso lançado para o estado do Pará. É importante ressaltar que, no mercado do Pará, todo feijão de tegumento preto ofertado pertence à espécie Phaseolus vulgaris L. e é proveniente de outros estados. A cultivar BRS Guirá, tem um bom apelo visual, excelente paladar e reúne excelentes características para o cultivo tradicional por agricultores familiares, pequenos, médios e grandes produtores, tanto como cultura principal quanto em cultivo de safrinha.

 

Apesar de ter porte semiprostrado, tem vagens no nível e acima da folhagem que facilitam tanto a colheita manual quanto a mecanizada.

 

Potencial de Produtividade: A produtividade da cultivar BRS Guirá variou de 534,4 kg/ha, em São Domingos do Araguaia, a 2.484,5kg/ha em Tracuateua. Nos ambientes favoráveis, a média da produtividade foi de 2.343,6kg/ha, e nos ambientes desfavoráveis foi de 1.072,5kg/ha. A média geral foi de 1.563,79kg/ha. Seu potencial de rendimento ficou entre o das cultivares BRS Imponente e BRS Tumucumaque, indicando que tem um bom potencial de rendimento.

 

BRS Natalina: Primeira cultivar de Feijão-caupi do tipo manteiguinha para o estado do Pará.

 

Potencial de Produtividade: As médias de produtividade variaram de 199,3kg/ha, em São Domingos do Araguaia, a 2.967,1kg/ha, em Bragança. Nas condições favoráveis, sua média foi de 2.738,64kg/ha, e nos ambientes não favoráveis foi de 718,45kg/ha. A média geral de rendimento obtida foi de 1.476,20kg/ha. Esses resultados indicam um bom potencial de rendimento o qual superou as cultivares crioulas de Santarém e Ponta de Pedra.

 

Veja o restante dos detalhes na tabela abaixo.

Tabela 1. Novas cultivares de Feijão-caupi lançadas para o estado do Pará.

Recomendações básicas de plantio e manejo

Recomendações básicas de plantio e manejo

 Lembrando que é importante a correção e a adubação do solo de acordo com análise do solo de preferência e a aquisição de sementes certificadas oriundas de produtores cadastrados no Renasem. Em ambos os casos de forma de plantio, ajustar o número de semente por cova de acordo com a taxa de germinação é importante, assim como, também seguir a época de plantio indicada no ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) para a cultura, para minimizar problemas fitossanitários.

Também é recomendada a utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas e inseticidas para uma boa germinação, o que ajuda a alcançar a população desejada e reduzir a aplicação posterior de defensivos químicos.

Para o estado do Pará, deve ser dada atenção especial a mela, principalmente durante o período chuvoso, e ao tripes, nas fases de pré-florescimento e florescimento. A incidência das tripes causa aborto dos botões florais e das flores e impacta significativamente a produtividade da cultura. Por isso, é importante monitorar a ocorrência de insetos-praga e doenças na lavoura e também para evitar ou reduzir ao máximo a aplicação de defensivos químicos. 

Fontes:

[1] TC-19-21-COM.TEC-V05.pdf (embrapa.br); [2] TC-20-21-COM.TEC-V04.pdf (embrapa.br); [3] TC-21-21-COM.TEC-V03.pdf (embrapa.br); [4] TC-22-21-COM.TEC-V05.pdf (embrapa.br).

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