O relatório mais recente da CONAB veio com zero surpresa: manteve a estimativa de queda na produção de Feijão-carioca na primeira safra, em apenas 7% em relação a 2025. O mercado, porém, não acredita nisso. A expectativa real é de uma redução mínima de 15%. Essa diferença entre projeção e percepção indica que, lá em março, quando o mercado sentir de fato o tamanho da quebra, o impacto pode ser expressivo.
Enquanto isso, no Feijão-preto, empacotadores relatam uma dificuldade crescente para encontrar lotes de qualidade. E quando encontram, o produtor simplesmente não quer vender. Não há oferta sólida nos patamares atuais — entre R$ 150 e R$ 165 para os melhores lotes.
Outubro segue mostrando a fragilidade da qualidade disponível. No Paraná, todos os dias há registros de Feijões comerciais com alto percentual de defeitos — tanto no Feijão-carioca quanto no Feijão-preto. No Noroeste de Minas, os negócios desta quarta giraram entre R$ 240 e R$ 245 a saca, mas quase sempre com algum “porém”: cor abaixo do ideal, peneira baixa ou umidade fora do ponto.
Corretores relatam que está difícil encontrar o Feijão completo: boa umidade, cor viva, peneira alta e variedade uniforme. Isso explica porque o mercado parece travado — não é falta de comprador, é falta de produto que realmente atenda aos padrões.