Na segunda-feira desta semana, corretores e alguns poucos comerciantes compraram tudo o que havia disponível no Brás. Seria coincidência, não fosse um filme já conhecido: entraram comprando todo o Feijão-carioca possível, onde quer que estivesse.
Mas isso, claro, não foi reportado. Como poderiam zerar, vender tudo, sem que as cotações fossem afetadas? Se ali perto, no interior de São Paulo, o Feijão estava sendo vendido por valores próximos de R$ 250,00, qual a razão para reportarem R$ 240,00? Você já entendeu, certo? Isso é o que importa.
Na verdade, os produtores gostariam de poder esperar a melhora que pode ocorrer a qualquer momento. Quem vendeu o fez não por acreditar que há muito Feijão-carioca, mas porque os fornecedores não podem esperar até que alguns relatórios no Brasil deixem de manipular as cotações.
Quanto ao estoque, a perspectiva de colheita mostra uma das melhores janelas de oportunidade, talvez já durante janeiro. Estive ontem na região de Rio Verde, em Goiás, e o que vi e ouvi é preocupante. Produtores tradicionais não plantaram a área de costume; estima-se uma redução de até 60% em relação ao ano passado.
Isso significa Noroeste de Minas Gerais com área menor, Paraná com área menor e produtividade baixa, e Goiás, no sequeiro, também reduzido.
Os supermercados estão distraídos com o movimento de fim de ano e seguem comprando apenas pequenas quantidades. Até março, o Feijão-preto tende a ter uma demanda que vimos raríssimas vezes. Da Argentina, hoje, chegaria ao lado brasileiro da fronteira entre R$ 210,00 e R$ 220,00 por saca — e só se mantém nesse nível porque praticamente não há demanda do Brasil. No momento em que dois ou três compradores entrarem no mercado, esse valor rapidamente irá a R$ 230,00 ou mais.
Com pouco Feijão-carioca disponível, o Feijão-preto terá sua demanda ampliada. A janela de oportunidade está se fechando.
Ontem, um antigo e experiente produtor me disse: “Estou indo para a praia, e é já. Não atendo mais comprador nem corretor. Só na segunda quinzena de janeiro.” Se puder, siga o exemplo — se você for produtor.
Já para você que é Premier e está na ponta do empacotamento, não há mais tempo a perder. Reforce o estoque. Certamente sua intuição já está lhe dizendo isso. É hora de ouvi-la.
