Japão - Genética desvenda a origem do Feijão-azuki, o queridinho do Leste Asiático

Por: Informações de Science News,

3 de julho de 2025

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Japão - Escondida em doces como mochi e taiyaki, a pasta de Feijão-azuki é um ingrediente adorado no Leste Asiático. Apesar de sua onipresença, a verdadeira história de sua origem sempre foi um mistério, envolta em debates e teorias conflitantes. Agora, a ciência finalmente revela os segredos por trás desse popular grão.

Cientistas analisaram quase 700 genomas de Feijão-azuki, tanto selvagens quanto cultivados, em toda a Ásia. O resultado? A domesticação da planta foi rastreada até o Japão, há cerca de 3.000 a 5.000 anos, antes de se espalhar e se diversificar na China. A pesquisa, publicada na Science em 29 de maio, também identificou as mutações genéticas responsáveis pela inconfundível tonalidade vermelha intensa do Feijão.

“Fiquei surpreso com basicamente tudo”, admite Cheng-Ruei Lee, geneticista evolucionista da Universidade Nacional de Taiwan, em Taipei.

O Feijão-azuki, que cresce em vagens em plantas arbustivas, é naturalmente doce e possui um sabor amendoado. Fósseis indicam que o cultivo inicial pode ter sido feito pelo povo Jomon do Japão, caçadores-coletores que viveram há 16.000 anos. No entanto, pistas genéticas anteriores apontavam para a China, onde as cultivares exibiam uma maior diversidade genética, característica de domesticações mais antigas.

O novo estudo desvendou o enigma. Embora as cultivares chinesas apresentem maior diversidade em seus genomas nucleares (herdado de ambos os pais), seus genomas de cloroplastos (transmitido pela mãe e de evolução mais lenta) são notavelmente semelhantes aos dos Feijões selvagens japoneses.

“A única maneira de conciliar essas ideias conflitantes”, explica Lee, “é se os Feijões foram domesticados primeiro no Japão e depois se espalharam para a China, onde ‘eles se hibridizaram com Feijões vermelhos selvagens chineses locais e obtiveram uma diversidade muito maior’.”

Durante esse processo, o Feijão-azuki também passou por uma transformação visual. Enquanto os Feijões selvagens são claros com manchas escuras, as variedades cultivadas são uniformemente vermelhas. A equipe identificou duas mutações genéticas cruciais: uma que suprime o processamento de pigmentos, fazendo com que os pigmentos vermelhos se acumulem na casca da semente, e outra que elimina o padrão manchado.

Para entender a linha do tempo dessas características, os pesquisadores acompanharam a trajetória evolutiva dessas duas mutações, juntamente com uma terceira que reduz a probabilidade de a vagem se romper — uma vantagem para agricultores, mas não para plantas selvagens, que dependem da ruptura para dispersar sementes. Surpreendentemente, todas as três mutações começaram a se propagar há cerca de 10.000 anos, muito antes da domesticação no Japão.

Lee ressalta que essas características oferecem pouca vantagem na natureza. Sua disseminação inicial pode, na verdade, refletir preferências estéticas humanas. O vermelho, há muito tempo símbolo de sorte, também coloria a cerâmica laqueada Jomon.

As descobertas reforçam a crescente evidência de que o povo Jomon era mais do que apenas forrageadores. "Se havia pessoas que achavam que as evidências arqueológicas anteriores não eram convincentes", diz Lee, "aqui também há evidências da genética vegetal".

Com informações de Science News

https://www.sciencenews.org/article/genetic-origins-red-beans-adzuki-japan

 

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