Ontem, diversos produtores relataram maior interesse por parte de empacotadores, mas ainda sem reflexo em todas as praças. Para que os negócios avançassem, mesmo em Feijões-carioca comerciais nota 8, o valor precisou ficar entre R$ 5 e R$ 10 por saca acima do praticado no fim da semana passada. No quadro mais amplo, não há motivo de alarme específico para o setor do Feijão; porém, o comércio de alimentos em geral sente os efeitos da SELIC mais alta — exatamente o objetivo da política: esfriar o consumo de tudo. O cliente que antes ia ao supermercado com mais opções passa a optar por alternativas mais acessíveis. Sem dinheiro na mão, recorre ao cartão de crédito, movimento que segue em alta segundo o setor financeiro, ainda que traga riscos para o consumidor.
Na família, há mais orçamento “amarrado” no mês seguinte; se a fatura não é quitada integralmente, entra o rotativo (451,5% a.a. em ago/25) ou o parcelamento, corroendo a renda futura e elevando a sensibilidade ao preço. O risco de “bola de neve” aumenta, mesmo com o novo teto do rotativo — a Lei do Desenrola limita a 100% do principal. O teto contém a explosão, mas não reduz automaticamente a taxa.
No carrinho, o comportamento muda: mais marcas próprias, tamanhos menores, promoções e cashback; compras mais fracionadas ao longo do mês, coerentes com a confiança ainda abaixo dos 100 pontos. O resultado é maior volatilidade de volume, com semanas de “onda de compra” no fechamento do cartão, intercaladas com hiatos — o que retroalimenta negociações mais duras com fornecedores.
